Fachada de loja da Ricardo Eletro, do grupo Máquina de Vendas
Ricardo Eletro: apesar da aposta no e-commerce, a rede pretende manter 100 lojas físicas (Fábio Motta/Estadão Conteúdo)
A Ricardo Eletro protocolou na terça-feira, 13, a minuta de seu plano derecuperação judicialque envolve pouco menos de 20.000 credores e cerca de 4 bilhões de reais. O processo corre na 1ª Vara de Falências e Recuperações de São Paulo.
“Devido à pandemia, a Máquina de Vendas teve de entrar com o pedido de recuperação judicial e, em uma medida drástica, fechou as 400 lojas e está endereçando o negócio para ser uma plataforma digital”, diz Salvatore Milanese, sócio fundador da Pantalica Partners, assessoria financeira da empresa.
“Nesse momento, estamos dando prioridade às dívidas trabalhistas pois os trabalhadores demitidos são o principal foco de atenção da empresa. Contudo, os fornecedores estratégicos, essenciais à continuidade do negócio, também serão priorizados. A ideia é envolvê-los no processo de recuperação do negócio, de forma que recuperem seus créditos o mais breve possível”, diz Milanese.
Apesar da aposta no e-commerce, a rede pretende manter 100 lojas físicas. “Agora iniciaremos a negociação com credores que prevê, entre outras medidas, a colocação de ativos à disposição para redução da dívida”, diz Milanese.
Em 2018, a gestora brasileira de fundos de participação Starboardnegociou um acordo para comprar 72,5% da empresa por 250 milhões de reais. Pelo acordo, Nunes ficou com 15% da Máquina de Vendas.
No mesmo ano a empresa iniciou um processo de recuperação extrajudicial. Na época a empresa tinha débitos de 1,5 bilhão com Itaú, Bradesco e Santander, além de 1 bilhão em dívidas com fornecedores de eletrônicos como Whirlpool, Samsung e LG. Por causa de atrasos nos pagamentos, a Ricardo Eletro deixou de receber produtos essenciais para uma varejista de eletrônicos como televisores e geladeiras.
Em fevereiro deste ano, Pedro Bianchi, ex-sócio da gestora Starboard, assumiu o comando da companhia no lugar do executivo Luiz Wan-Dall Jr. que estava no cargo há um ano e meio.
A companhia faturou 2 bilhões de reais em 2019 e previa faturar 2,6 bilhões em 2020, antes da pandemia. Nas últimas semanas, vinha reforçando sua operação online em meio à pandemia do coronavírus. A companhia tem 2.400 vendedores e 300 lojas.
Histórico
O grupo Ricardo Eletro foi formado em 2010, quando as varejistas mineira Ricardo Eletro e baiana Insinuante se fundiram com outras redes regionais em Rondônia, Pernambuco e Santa Catarina para sobreviver à consolidação que o setor passava com o surgimento de gigantes como a Via Varejo. O grupo havia sido batizado de Máquina de Vendas, mas foi renomeado com a marca principal.
O resultado foi uma empresa que faturava 10 bilhões de reais, forte presença no estado de Minas Gerais e no Nordeste. Mas a sinergia esperada para o negócio não deu resultado. Desde 2014, a empresa começou a apresentar prejuízos em seu balanço.
Para tentar virar o jogo, a Máquina de Vendas chegou a recrutar o executivo Enéas Pestana, ex-CEO do Grupo Pão de Açúcar, para tocar o negócio. Não deu certo. Em 2016, o fundador Ricardo Nunes voltou ao cargo. Nos últimos seis anos, a companhia teve sete presidentes.